Artigo

Retrospectiva 2022

Por Cezar Roedel - consultor de Relações Internacionais 

Esta coluna de conjuntura internacional, inovadora no Rio Grande do Sul, buscou trazer os assuntos mais importantes das relações internacionais neste ano, muitas vezes, com análise de cenários e uma leitura prospectiva. Conseguimos levar aos leitores um material exclusivo e sentimos que a nossa missão foi cumprida, renovando o intento para o ano que se aproxima. Não poderíamos deixar de fazer uma pequena retrospectiva com as principais mudanças no âmbito global. O ano de 2022 foi turbulento para a política internacional. Iniciamos com um conflito que não víamos desde a Segunda Guerra Mundial. A guerra injustificada da Rússia contra a Ucrânia trouxe uma série de consequências ao tabuleiro geopolítico e à configuração do poder internacional. Serviu para demonstrar o déficit de lideranças no Ocidente, que foram incapazes de lidar com a situação de forma mais assertiva, permitindo que Putin empreendesse uma verdadeira afronta aos dispositivos internacionais, cometendo evidentes crimes de guerra. Vejamos as principais mudanças na política internacional.

Rússia e Ucrânia
Parece não haver prazo para um armistício. Durante o Natal os bombardeios atingiram a Ucrânia, com bombas incendiárias que ocasionaram grandes danos. Durante o ano, a Rússia foi debilitando a infraestrutura energética ucraniana e, hoje, metade dela está fora do ar enquanto o inverno rigoroso se anuncia. A resistência ucraniana até aqui foi impressionante, mas uma guerra sem fim vai debilitando o moral das tropas, pois há ainda muito poder de fogo por parte da Rússia, sem contar com a narrativa nuclear que colocou as potências ocidentais de prontidão. O título de liderança mais ousada no ano vai certamente para Zelensky.

Estados Unidos
A conjuntura internacional, adversa em todos os termos, serviu para desafiar a desastrosa política externa de Biden, demonstrando a sua fraqueza em lidar com a agenda internacional. Os Estados Unidos não conseguiram se firmar como a potência dominante, abrindo espaço para a China e para as aventuras e os crimes de guerra de Putin. No contexto da guerra, enviou suportes militares à Ucrânia, mas eles podem cessar, com a chegada de um novo Congresso.

China
A Covid se espalha pela China. Enquanto isso, brotaram os protestos contra as políticas restritivas e, de forma inovadora, contra a liderança de Xi Jinping, nunca vistos no país. A China, no contexto da guerra na Ucrânia, preferiu adotar a estratégia da observação, sem apoiar diretamente o Kremlin. O desafio será o de controlar a Covid e, ao mesmo tempo, refrear as manifestações, que podem escalar. Durante o ano, a China conduziu uma série de exercícios militares no entorno de Taiwan, como um preâmbulo de uma futura anexação.

União Europeia
Como consequência da guerra, a União Europeia passa por uma crise energética sem precedentes. O alto custo da energia, somado ao momento econômico europeu, cria um verdadeiro obstáculo. A guerra serviu para desafiar as lideranças europeias, que não foram capazes de liderar com assertividade contra as aventuras de Putin, ficando restritas a ajuda militar, que no início da guerra ainda eram tímidas. O desafio será o do redesenho das matrizes energéticas em meio a crises econômicas e de consumo, enquanto a guerra está na porta da Europa.

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